Robbie Savage

«Cuidado!», eram alertados os jogadores das equipas adversárias. «Vem aí Savage, o Selvagem!».
A meio da época de 70, o Mundo via nascer o galês Robbie Savage, o ceifador de pernas. Durante épocas a fio, ora no Manchester, ora no Crewe, ora no Leicester City, ora no Birmingham e, finalmente, no Blackburn Rovers, Savage colocou carreiras em risco por todo os estádios de Inglaterra (o maior viveiro de cromos em todo o Mundo, excluíndo Portugal). Médio destro raçudo que apenas tinha três tipos de entrada: dura, duríssima, ou Paulinho Santos style. Robbie Savage, tal como o sarrafeiro do FC Porto ou o outro sujeito do SL Benfica, não era mau jogador, antes pelo contrário. Tinha era um defeito: o jeito para Futebol dignamente praticado não abundava. Pernas voavam, jogadores eram substituídos, cartões eram mostrados, mas Robbie continuava a sorrir maldosamente enquanto exibia o seu patético rabo de cavalo.

Savage, que começou por jogar a avançado nas camadas jovens do Man Utd ao lado de Giggs e Beckham, deu os seus primeiros sinais de sarrafeiro no Crewe Alexandra. Saiu em 1997 para o Leicester City (lar de alguns desastrados como Akimbiyi ou Sinclair, sobre os quais falarei mais tarde) e de avançado faltoso passou a médio brutalmente violento (vemos aqui na imagem uma das suas especialidades: as entradas a pés juntos). Conquistou durante 5 anos uma verdadeira adoração dos adeptos da casa e um ódio profundo dos adversários, que se encolhiam para salvar a carreira cada vez que disputavam um lance com Savage. Seguiu-se a selecção Galesa, Birmingham e Blackburn, mas nada mudou, Savage coleccionava cartões e canelas partidas com a mesma devoção.
Porém, a agressividade de Savage não se ficava pelos relvados. Vários foram os casos nas cabines de acesso aos estádios, de canelada passava para sopapo, de cartão vermelho para suspensão, de perna partida para nariz inchado.
E ainda hoje, já o médio carrega os seus trinta e picos anos nas pernas, ainda se ouve falar em Robbie Savage, o sarrafeiro galês. Várias mãos suam e vários corações batem, pedindo a Deus que seja possível terminar o jogo com duas pernas.
Assim foi Savage, o Selvagem.